13 de janeiro de 2008

Decisões...

Ontem estávamos eu e meu marido, Rodrigo, dialogando sobre nossa religião, e a dos nossos filhos.
E coincidimos que não queremos que eles, Alícia e Felipe, se confontrem com as imposições que nós vivenciamos.
Não queremos que eles sejam inseridos em crenças, em idade temprana, sem possuir ainda a capacidade de entender o que ela possa ser, o que implica pertencer a uma religiosidade, e sequer deter o poder de escolha e seleção.
Ao nascer os apresentamos aos nossos Deuses. Convidamos algumas pessoas que são simpáticas à nossa religiosidade, e amigos que são pagãos como nós.
Sentimos assim, que bênçãos divinas e terrenais neles recaíram.

Ao estar crescendo, não os obrigamos a fazer parte das nossas ritualizações. Mas não podemos lhes proporcionar explicações dogmáticas cristãs, para os fenómenos da natureza, para nossos hábitos, para nossas crenças; lhes explicamos sob a ótica pagã, deixando claro que outras pessoas entendem de outra forma.
As perguntas surgem quanto ao começo do mundo, quanto a quem criou a Deusa, ao Deus, sobre o que ocorre ao morrer, sobre o que é a morte...
Hábitos do cotidiano também não são impostos nem prelecionados. Eles observam, e às vezes os pegamos repetindo o que viram. Ou explicando para a babá o por que das coisas, com os argumentos que lhes apresentamos.

Então chego ao ponto do texto, Decisões. De caráter religioso, em um mundo preponderantemente católico ou evangélico. Não desejamos que Alícia tenha que fazer parte das aulas preparatórias para a primeira comunhão cristã, por que pensamos que ela ainda não possui condições psicológicas para entender o que irá representar isso, se assim o fizer.

Queremos que nossos filhos, tenham a liberdade de escolha. De escolher a qual religião desejam pertencer. E para isto, somente a maturidade pode lhes dar acesso a essa escolha.
Não iremos criá-los alheios ao mundo lá fora, não, nada disso.
Até por que as famílias de onde somos oriundos são católicas, eles convivem com elas. E isso é extremamente saudável.
Por que somos pais pagãos amadurecidos, e não rompemos com as antigas crenças por anarquia, nem ódio, nem alimentamos essa ideologia violenta em nossas almas, muito menos nas dos nossos pequeninos.
Somos pagãos por escolha, por entender que o escopo ou premissas do Paganismo, casa com nossas ideias.
Então a crisma, a primeira comunhão, se eles optarem por seguir o catolicismo, que ocorram por escolha deles, no tempo deles, com a maturidade suficiente para assumir o ato que irão executar.

Não o fazemos por ser "diferentes e irreverentes"; o fazemos por respeito para com nossos filhos.

Assim sendo, em casa, tudo será assim, natural.
Participar ou não dos ritos, aceitar ou não nossa cosmovisão, nossa crença, nossas práticas, nossa essência.

Bênçãos Deles!

Luciana Onofre

8 comentários:

Alexandra disse...

Faz bem, qualquer coisa que é imposta acaba sendo detestada e não assimilada com liberdade e carinho, respeito e admiração.

hein?! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Quimera disse...

Concordo com você e Rodrigo!
Todos deveriam ter o direito de escolher a sua religião...
Beijosss

(O comentário excluído era o meu... É que estava no nome de outra pessoa hahahaha)

Anônimo disse...

Nossa! Isso realmente é bonito da parte de vocês. Concordo plenamente com suas decisões de deixarem seus filhos escolherem por onde quer trilhar. Ao contrário de mim que não tive essa sorte devido ser filho único,viver somente com minha mãe e tios e vir de uma família conservadora e católica. Mas acredito que logo virá minha maior idade e eu poderei optar pela escolha que tanto quero.

Abraços e muita paz pra vocês. =D

Anônimo disse...

Esse é um dos blogues mais lindos que eu conheço. Obrigada por ter retornado e por me dar a oportunidade de ler textos tão bacanas!

Anônimo disse...

Olá, Luciana! Parabéns por seu blog, é ótimo! Faço parte da comunidade Família Pagã no Orkut, e tenho um blog sobre paganismo e filhos também! Sobre seu post, ocorre o contrário lá em casa: somos uma família pagã, e o Lucas, nosso filhote de quase 5 anos, praticamente "exige" participar dos sabbaths! Ele gosta de participar, ajudar a preparar as refeições, o altar, e como é tudo feito de maneira bem light, não o impressiona nem assusta, pelo contrário. Entendo o que você diz sobre deixá-los escolher suas próprias religiões, penso da mesma forma, mas como ele se sente tão conectado e contente em ao cuidar com carinho do que nos é sagrado, permito que participe dos rituais mais tranqüilos e explico o qe ele me pergunta. Mas não imponho nada, seria contraditório em relação ao que acredito. À medida que crescer, e quando for a hora, sei que vai escolher seu próprio caminho, que poderá não ser necessariamente o meu. Beijos e Blessed be!

Anna Magagnin disse...

Estou conhecendo o blog hoje e não tenho filhos, mas confesso que estou achando muito lindo. Espaços como esse são raros, quase nulos na nossa sociedade. Eu venho de uma família católica e ninguém nunca me perguntou se eu queria seguir a religião, com dias de vida fui batizada. Já anunciei a meus familiares que com meus filhos será diferente, que eles escolherão a religião, no momento em que acharem apropriados. Parabéns pela atitude de voces em realção aos seus filhos. Tenho certeza de que no futuro, eles muito se orgulharão e lhe serão gratos.

Abraços

Luciana Onofre disse...

Obrigada a todos!
Sem leitores não existem escritores.