12 de julho de 2008

maternidade e política


ai, que titulo mais chatooooo!!!! e no entanto, o que tenho em mente pra conversar hj é algo muito mais acessível: passeios escolares. o que uma coisa tem a ver com outra?

a escola do cassiano não pára em julho; as atividades mais 'pedagógicas' como aprender os números e alfabetização, cessam durante o mês, não há tarefa de casa nem nada... apenas brincar. e tem os inevitáveis passeios escolares. no começo do mês vieram os comunicados solicitando autorização pra vários eventos, e eu torci o nariz.


tá, tem o lance de que eu sou beeeem medrosa. deixar o cassiano sair com a escola para ir duas quadras abaixo, a pé, me deixou sem dormir vários dias (comparem essa atitude com a da maravilhosa luciana onofre dois posts abaixo...). parque de brinquedos nem pensar. é claro que eu agradeço à escola por não tornar os passeios obrigatórios hehehe! e assim permitir que eu vá devagar com minhas neuras, mas há mais do que apenas isso em jogo.

ontem haviam marcado um passeio para o parque da xuxa, com almoço no macdonalds. eu sei o quanto é inevitável ter criança e não ir ao macdonalds; não tenho tanta fibra assim! além disso, estou consciente de que à medida em que ele crescer e fizer suas próprias escolhas, o meu poder de veto ficará menor, até quase desaparecer. mas por enquanto ele tem 4 anos, e eu fiquei à vontade para proibir tal passeio.

sei que muitas mães aqui passam pelos mesmos dilemas. correndo o risco de passar por xarope no úrtimo, mandei uma longa carta à escola no começo do ano, solicitando que o cassiano fosse dispensado de assistir filmes como barbie, hotwheels e xuxa. uai, eu tenho esse direito, o de decidir a que tipo de publicidade meu filho será exposto. minhas caras, isso é profundamente político, embora pareça apenas chato.

ontem, em vez de me livrar do menino o dia todo, escolhi exatamente o contrário - passear com ele em lugares da minha escolha, já que o havia privado de sair com a escola. no fim das contas, gastei mais do que se tivesse deixado ele ir ao programa escolar, fiquei cansada e atrasei toda a minha agenda... toda mãe sabe o quanto rende um dia sem as crianças por perto. mas eu fiz uma outra escolha, e foi uma escolha política. levar o menino à estação ciência em vez de ao parque da xuxa é político. aliás, ele amou. e aliás, eu não consegui escapar do almoço no macdonalds. mas foi outro tipo de programa, e eu na minha santa inocência, acredito que fez diferença.

eu trouxe panfletos e anexei à agenda de comunicados dele, como sugestão de passeios à escola. afinal sou chatésima. circo só sem animais; zoológico nem pensar. então tenho que dar opções, né.

alguns (muitos, na verdade!) anos atrás houve uma instalação maravilhosa de ciências chamada 'por que, pra que' no sesc pompéia. marquei um encontro romântico lá. o namoro não durou, mas começar a noite com experimentos científicos pra crianças e termina-la com discussão acirrada sobre 'o ponto de mutação' foi inesquecível. e político. sendo esse tipo de pessoa, dava pra adivinhar qual seria o tom da educação do meu filho... qual mãe metida a filósofa deixa sua cria num clima de domingão do faustão?

amadas, meu argumento: a maternidade é uma entre as várias formas das mulheres manifestarem suas idéias, suas posturas. a maternidade é uma ação política sem bandeiras, sem greves, sem reivindicações, sem manifestos armados. a maternidade pode ser uma forma silenciosa de militância. qualquer militância, especialmente as mínimas, as quase invisíveis, pois é espaço de manifestação das nossas crenças pessoais. afinal, aceitar panela no dia das mães não é nada mais, nada menos do que manifestar uma certa crença.

a mulher quase sempre torce o nariz para política, e eu tbm, na medida em que pensamos em políticos mascarados e em cabos de guerra internacionais. isso tudo é realmente boring. mas há uma política invisível, essa que transpira em pequenas atitudes, e toda mulher (percebendo ou não) milita em favor de alguma coisa. até quando sai pra passear com os filhos nas férias.

6 comentários:

Rachel disse...

Isso me fez lembrar de uma conhecida que me contou que sua irmã estava matriculada numa escola que segue um sistema de ensino que exclui os personagens, e incentiva a criança a olhar o mundo pela ótica da realidade.
Por ex, ela pode fora da escola assistir/ler o que quiser, mas dentro da escola é proíbido material (estojo, mochila, caderno...) e qualquer divulgação que contenha personagens, seja de desenho, filme ou o que for.
(É permitido, então, Xuxa, Seninha, coisas assim...)
Esqueci do nome desse método, mas quando lembrar eu coloco aqui.

É interessante, embora restrinja um pouco a realidade. Parece estimular a crítica da criança (não que eu ache que criança deva ter crítica para certos temas)...

Enfim, acho importante abrir os espaço para a criança interagir não só com o mundo, mas com os colegas. Será que ele não se sente aprisionado por ver os coleguinhas curtindo certas atividades que ele não vai?!
(não estou te criticando, viu?!)

Mas de outra forma, é ainda mais interessante que você proponha atividades saudáveis e que estimulem o senso da criança, sem a expor a certas coisas desagradáveis no seu conceito (afinal, você é a mãe e ele também está sujeito à sua maneira de educar), propondo atividades harmônicas, por assim dizer.

(escrevi demais, chega! kkk)

Luciana Onofre disse...

amada celia, ser mãe é uma atitude de enfrentamento político, principalmente hoje neste incipiente séc. XXI.
ser mãe é um constante exercício político, de escolhas, caminhos, posturas, ideologías, sensos e pensamentos. Que acumulados constroem o ser que saiu dos nossos ventres...
amei mais uma vez teu escrito!

Luciana Onofre disse...

kel amada tenho a sorte de aqui na Ilha do Amor os passeios serem por assim dizer culturais de fato, a escola deles, os leva a feiras de livros, teatro, exposições, passeios ecológicos...então eu sou abençoada nesse ponto, eles vão e curtem muuuuuito!
mas se aqui existissem os 'temáticos' certamente a escola o proporia como opção...
não direi que jamais irão a um, pq eu lembro da minha frustração ao pegar caxumba nas férias de meio de ano, no ano em que eu iria a miami pra Disney... então me devo esse passeio e a eles!!!

Anônimo disse...

obrigada pelos comentários, kilya e luciana onofre!
kilya, nessa semana vou deixar o cassiano ir a um parque temático de piscina de bolinhas. concordo com vc que todo mundo tbm tem direito a diversão sem grandes filosofias por trás, o tempo todo! um beijão.

Nydia disse...

Minha paranóia é mais pelo lado da segurança. Morando no Rio, infelizmente a gent acaba ficando um pouco (ou muito) assim. Esse mês a escolinha do meu filho (5 anos) fará um passeio ao Zoológico. No outro lado da cidade. Em ônibus da escola. Com mais uma turminha. Vetei. Numa boa, confio na escola e em suas profwessoras, ou ele não estaria estudando lá. Mas atravessar a cidade nos seus tenros 5 aninhos sem a minha preença ou a do pai, aí já é demais pra meu coração, ainda. Mais tarde quando estiver mais velho, tudo bem, é outro esquema, ele vai ter outra concentração, etc. Mas por enquanto não dá. Então entendo bem sua preocupação. Lógico, sem falar da parte politizada da coisa. Também não curto nada de circo com animais, e ele, bom pagãozinho, já comeaa entender porquê.
Bom, já falei demais!! Seu blog é ótimo!
Beijos!

Aglaia Gaho disse...

AMEI o seu blog, apesar de ainda não ter filhos, sou professora e trabalho com crianças e jovens.Entendo perfeitamente o q dizes...Tomei a liberdade de linkar seu endereço no www.aglaiagaho.blogspot.com qualquer restrição qnt a isso é só deixar um recado. Beijos e Bênçãos!!!