apresento aqui alguns trechos de um livro da liz greene chamado astrologia do destino, de 1985, para dar a pensar algumas questões sobre a herança psíquica e emocional de nossos familiares que flagrantemente ignoramos, e que de acordo com a autora, podem ser investigadas num mapa astrológico.
"sejam quais forem as pessoas, a herança é uma parte integrante de sua identidade pessoal; e essa herança, que se abate sobre nós como destino, precisa ser encarada e atacada de forma individual. não se pode repudia-la, não se pode fugir dela; não é suficiente moldar a vida de acordo com 'qualquer coisa, exceto mamãe ou papai', pois assim fazendo estamos tãodominados por eles como se tentássemos ser exatamente como eles. pode-se fazer o que se puder, ou o que se desejar, com uma herança; mas a própria herança não pode ser ignorada ou devolvida, pois nossas famílias são nosso quinhão, nossa moira." p. 115
ela fala sobre as heranças familiares como destino no sentido de que formam padrões inconscientes aos quais reagimos e sob os quais agimos. não sei o quanto isso pode ser realmente aplicado as pessoas de hj, pois a força para se apagar qualquer memória e qualquer herança ou história familiar é absurda, com o único objetivo de fazer existir pessoas isoladas e homogêneas. então recuperar sua história é certamente lidar com coisas desagradáveis, mas com uma personalidade, em vez de sofrer lavagens cerebrais permanentes. vc escolhe: o vazio impessoal ou um conteúdo personalizado e não muito feliz, mas passível de elaboração.
"as familias são organismos e a vida psíquica de um emaranhado familiar é um círculo fechado, onde dramas emocionais antigos e muitas vezes violentos são encenados na escuridão secreta do inconsciente. nada é visto até que se procure ajuda profissional para um filho com distúrbios, e aí (...) os fios que tecem o conto vão sendo desembaraçados e o que aparentava ser a doença individual revela-se cada vez mais evidentemente como um complexo familiar não resolvido." p.90
em um dos casos apresentados nesse livro, a liz parte do mapa de uma moça autista e analisa o mapa de seus irmãos, pais, avós, tias, encontrando padrões não trabalhados que vão sendo repetidos até culminar numa situação extrema que é o autismo. claro que qualquer pessoa se beneficiaria com uma avaliação personalizada de aspectos repetidos e padrões psicológicos herdados.
"nossas famílias são nosso destino porque somos feitos da substância dessas famílias, e nossa hereditariedade - física e psíquica - é dada no nascimento. (...) os conflitos inconscientes que permaneceram não resolvidos voltam para se aninhar no filho, na forma de herança psíquica." p.93
no trecho abaixo, ela dá um exemplo de como o filho herda um padrão partilhado com sua mãe, e de tal forma é dominado por ele que isso se torna como um quartinho fechado. o mais interessante é que, ao assumir ativamente o padrão, o filho não é apenas vítima, mas executor do mesmo. não é o caso mais de culpar o papai, pois o próprio filho escolheu agir igual, ou conversar no nível do papai. isso é muito desagradável de se encarar, mas quer dizer basicamente - eu vejo no outro o que existe em mim. é uma projeção. não quer dizer que seu papai te bateu porque vc queria apanhar ou bater; é menos simples e menos cruel do que isso - quer dizer simplesmente que vc tem um padrão semelhante ao dele, e que se num certo momento vc vivenciou o padrão violento como apanhar, depois vc pode fazer outra coisa com ele - menos nega-lo.
"devido a inata predisposição a vivenciar os pais através da perspectiva da própria psique da pessoa, a herança já não é casual. se a mãe, por exemplo, é vivenciada como saturno, e portanto é sentida como uma mulher fria, repressiva, demasiado convencional ou crítica, então de certa forma a mãe efetivamente nunca pode ser outra coisa, não importa quanto se empenhe no relacionamento mãe-filho. é uma substância partilhada, exatamente como é uma rejeição partilhada. (...) a percepção da mãe pelo filho é colorida pela própria projeção dele, a tal ponto que ele é capaz de extrair dela exatamente as qualidades pelas quais a culpa. assim a mãe com capricórnio ascendendo, venus em peixes e sol em câncer é registrada apenas como saturno pelo filho.(...) tudo o que o filho percebe é o que se refere a ele; se não quiser se tornar vítima do padrão familiar, precisa encontrar um meio de diferenciar os pais verdadeiros das imagens míticas através das quais ele os vê." p. 95
na prática, quanto mais eu odeio o modo controlador da minha vó, mais riscos corro de agir exatamente igual, pois sem elaboração, minha conexão acontece pelo conhecido, pelo negativo, pelo igual. sem elaborar, eu fico sem opção; só me conecto com o assunto pela forma que vi e fui imprintada (pelo ódio ou pelo amor, dá na mesma). pois é a emoção que grava o caminho no cérebro, até onde sei. a emoção é que dá o choquinho, o choquinho é a força da gravação do caminho ou conexão neurológica, e aí pra desfazer as associações e indicar outro atalho, é um trabalhão.
os pais são sempre mais do que nós vemos. nossa propria personalidade atua como um filtro, selecionando o que vamos ver, ou colocando de forma mais fácil - selecionando a quais características de nossos pais vamos ser mais sensíveis. os arquétipos são úteis para nos ajudar a diferenciar o que estamos vendo, das pessoas reais diante de nós.
"sejam quais forem as pessoas, a herança é uma parte integrante de sua identidade pessoal; e essa herança, que se abate sobre nós como destino, precisa ser encarada e atacada de forma individual. não se pode repudia-la, não se pode fugir dela; não é suficiente moldar a vida de acordo com 'qualquer coisa, exceto mamãe ou papai', pois assim fazendo estamos tãodominados por eles como se tentássemos ser exatamente como eles. pode-se fazer o que se puder, ou o que se desejar, com uma herança; mas a própria herança não pode ser ignorada ou devolvida, pois nossas famílias são nosso quinhão, nossa moira." p. 115
ela fala sobre as heranças familiares como destino no sentido de que formam padrões inconscientes aos quais reagimos e sob os quais agimos. não sei o quanto isso pode ser realmente aplicado as pessoas de hj, pois a força para se apagar qualquer memória e qualquer herança ou história familiar é absurda, com o único objetivo de fazer existir pessoas isoladas e homogêneas. então recuperar sua história é certamente lidar com coisas desagradáveis, mas com uma personalidade, em vez de sofrer lavagens cerebrais permanentes. vc escolhe: o vazio impessoal ou um conteúdo personalizado e não muito feliz, mas passível de elaboração.
"as familias são organismos e a vida psíquica de um emaranhado familiar é um círculo fechado, onde dramas emocionais antigos e muitas vezes violentos são encenados na escuridão secreta do inconsciente. nada é visto até que se procure ajuda profissional para um filho com distúrbios, e aí (...) os fios que tecem o conto vão sendo desembaraçados e o que aparentava ser a doença individual revela-se cada vez mais evidentemente como um complexo familiar não resolvido." p.90
em um dos casos apresentados nesse livro, a liz parte do mapa de uma moça autista e analisa o mapa de seus irmãos, pais, avós, tias, encontrando padrões não trabalhados que vão sendo repetidos até culminar numa situação extrema que é o autismo. claro que qualquer pessoa se beneficiaria com uma avaliação personalizada de aspectos repetidos e padrões psicológicos herdados.
"nossas famílias são nosso destino porque somos feitos da substância dessas famílias, e nossa hereditariedade - física e psíquica - é dada no nascimento. (...) os conflitos inconscientes que permaneceram não resolvidos voltam para se aninhar no filho, na forma de herança psíquica." p.93
no trecho abaixo, ela dá um exemplo de como o filho herda um padrão partilhado com sua mãe, e de tal forma é dominado por ele que isso se torna como um quartinho fechado. o mais interessante é que, ao assumir ativamente o padrão, o filho não é apenas vítima, mas executor do mesmo. não é o caso mais de culpar o papai, pois o próprio filho escolheu agir igual, ou conversar no nível do papai. isso é muito desagradável de se encarar, mas quer dizer basicamente - eu vejo no outro o que existe em mim. é uma projeção. não quer dizer que seu papai te bateu porque vc queria apanhar ou bater; é menos simples e menos cruel do que isso - quer dizer simplesmente que vc tem um padrão semelhante ao dele, e que se num certo momento vc vivenciou o padrão violento como apanhar, depois vc pode fazer outra coisa com ele - menos nega-lo.
"devido a inata predisposição a vivenciar os pais através da perspectiva da própria psique da pessoa, a herança já não é casual. se a mãe, por exemplo, é vivenciada como saturno, e portanto é sentida como uma mulher fria, repressiva, demasiado convencional ou crítica, então de certa forma a mãe efetivamente nunca pode ser outra coisa, não importa quanto se empenhe no relacionamento mãe-filho. é uma substância partilhada, exatamente como é uma rejeição partilhada. (...) a percepção da mãe pelo filho é colorida pela própria projeção dele, a tal ponto que ele é capaz de extrair dela exatamente as qualidades pelas quais a culpa. assim a mãe com capricórnio ascendendo, venus em peixes e sol em câncer é registrada apenas como saturno pelo filho.(...) tudo o que o filho percebe é o que se refere a ele; se não quiser se tornar vítima do padrão familiar, precisa encontrar um meio de diferenciar os pais verdadeiros das imagens míticas através das quais ele os vê." p. 95
na prática, quanto mais eu odeio o modo controlador da minha vó, mais riscos corro de agir exatamente igual, pois sem elaboração, minha conexão acontece pelo conhecido, pelo negativo, pelo igual. sem elaborar, eu fico sem opção; só me conecto com o assunto pela forma que vi e fui imprintada (pelo ódio ou pelo amor, dá na mesma). pois é a emoção que grava o caminho no cérebro, até onde sei. a emoção é que dá o choquinho, o choquinho é a força da gravação do caminho ou conexão neurológica, e aí pra desfazer as associações e indicar outro atalho, é um trabalhão.
os pais são sempre mais do que nós vemos. nossa propria personalidade atua como um filtro, selecionando o que vamos ver, ou colocando de forma mais fácil - selecionando a quais características de nossos pais vamos ser mais sensíveis. os arquétipos são úteis para nos ajudar a diferenciar o que estamos vendo, das pessoas reais diante de nós.
3 comentários:
Eu prefiro um conteúdo personalizado e não muito feliz, mas passível de elaboração, for sure!
Ser mãe/pai apagando nossas neuras seria um sonho, pq de fato, mesmo não querendo repetimos uma vez ou outra o que já condenamos.
Eis então que é um continuo exercicio de autoavaliação ser pai e mãe...
Eu sempre me pego pensando nisso...pq é tão explícitamente verdadeiro....que é impossível ignorar. Minha prima que odiava o fato da mãe fumar e beber....e que hoje faz o mesmo...e perto do filho...e eu que detestava o jeito controlador da minha mãe...já vejo certos sinais disso na minha vida familiar. Só elaborando mesmo pra poder mudar o padrão....mas ainda existem muitas coisas que a gente faz e não sabe pq.....e que tem seu fundo possivelmente na herança. É incrível o fato de meu irmão ter quase os mesmos hábitos do meu pai....sem nunca ter convivido com ele.
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