14 de julho de 2010

Estreando...

Já faz um bom tempo que a Luciana Onofre me convidou para contribuir no Crianças Pagãs. Confesso que fiquei sem saber afinal qual tema abordar. Já colaboro no Mammysblogs. Sem querer fazer uma diferenciação mas já fazendo, falar como uma mammys é bem mais fácil. Falar como uma pagan mamys...sinto uma responsa muito maior.



Certa vez ouvi que era bom para as crianças terem bichinhos de estimação porque uma das muitas coisas que a vinda de um bichinho pode proporcionar é a vivência da morte. Sim, porque eles vivem bem menos que nós, humanos. Quando a minha filha estava com dois anos achei que era uma boa hora para trazer um para casa. Porque acreditava que ela não seria um perigo iminente ao animal. E assim veio a Katz, filha da Chatz. Da primeira ninhada da Katz ficamos com o Donnovan que aos oito meses morreu envenenado e no mesmo dia o gato da minha mãe que é vizinha nossa também morreu envenenado (na verdade só na nossa quadra foram seis). Ela sentiu, mas como não viu o gatinho já morto acho que não sofreu tanto, como...

Aqui temos muitas árvores e uma vez minha ex-cunhada conseguiu pegar um soim (no sudeste brasileiro conhecido por sagui) e criaram o Chico por um tempo. Então bateu um peso na consciência e o soltaram para viver livre novamente. O Chico constituiu família e vinha nos visitar sempre. Já nessa época minha mãe tinha uma deutschhound a Lilica e a seu filhote Pepita. E a Lilica conseguiu matar uns seis soins ao longo do tempo. Nossa!! aí sim a Flora sofreu. Teve uma soinha que a Lilica puxou pelo rabo, já tinha sido capturada, porque ela trazia um resto de corda na cintura e tentava se aproximar da Flora quando ela colocava fruta no galho da árvore. Teve outra vez, que o Chico levantava o filhote tentando por de pé. E lá ía a Flora fazer o enterro aos prantos. Eu a orientava para pedir tanto a São Francisco como ao Deus Consorte, o senhor de todas as coisas livres e selvagens que acompanhasse o animal morto a terra do verão dos bichinhos. Quando a Lilica morreu (também envenenada) ela sofreu. E ela e o Pietro (meu filho mais velho) escreveram uma carta para a Lilica que foi posta em seu túmulo. A Flora ainda não sentiu a morte de um ser humano (a não ser Michael Jackson – mas aí não conta porque era algo distante). Quando o avô paterno dela morreu, não posso dizer que sofreu porque nem chegou a conhecê-lo. Ele mesmo havia abandonado a família quando o pai dela tinha pouco mais de 01 anos de idade.O Pietro sentiu aos sete anos a morte do bisavô* e depois um primo (bem mais velho que ele) com que tinha uma sintonia. O via constantemente.

Se serve para apaziguar a dor da perda eterna? Não sei... Se fortalece? Talvez...


Alguns meses depois da morte do vovô, um dia almoçando, o Pietro falou calmamente: “- Acabei de ver o vô João, alí na porta.” Ele ficou feliz por essa aparição.

4 comentários:

Mary disse...

Oi Livia,muito legal seu post!então..meu filho lidou bem cedo com a morte,minha avó,a bisa que tanto brincava com ele veio a falecer,depois um irmão da minha mãe que morava conosco também..dizem que não devemos mentir prá nossos pequenos,então o fiz.Disse a ele que eles estaríam num local olhando por nós,ele assimilou o céu e disse q eles tinham virado estrelas..de vez em quando lembra da bisa,chora,depois passa.Diz que um dia vamos nos encontrar,rs..nossos pequenos são mais especiais do que pensamos né?

Livia Luzete disse...

Nossa! Me emocionei mesmo!!! Sim!!!eles são sábios!!!

Anônimo disse...

Só não gostei de "usar" animais pra vivenciar a morte, eles são parte da familia, não experimentos de como lidar com a tristeza da perda.

Empório Bruxaria disse...

Sinceramente,
Morte é um assunto complicado de se tratar.
Por que cada familia interpreta de uma forma, mesmo familias de uma mesma religião existem formas de interpretar.
Bem, quanto aos animais, penso que a criança é bom ter e cuidar, gera responsabilidade.