Eu fui uma criança “meio estranha”. Falo isso em comparação com as outras tantas crianças.
Não ficava gritando sem motivo ou correndo. Também não fazia muitas perguntas... Era como se eu já entendesse muitas coisas. Outras eu não entendia mas queria entender por mim mesma e algumas poucas coisas eu perguntava para alguém... Lembro por exemplo de quando vi absorventes e perguntei para minha mãe o que era e para que servia e ela me explicou que era basicamente uma fralda e que absorvia o ‘xixi’. Então pedi a ela que me desse um ou dois para usar a noite e talvez até durante o dia, assim evitava ir ao banheiro... É, é história meio bizarra.
Ao invés de perguntar para os outros, gostava mais de perguntar para mim mesma. Me perguntava se deus existia mesmo e como era. E se não existia, como estávamos aqui?
Perguntava-me também outras coisas, como é que eu aprendi a falar? Como as pessoas se entendem através dos sons que saem da boca? E as letras? Porque “A é A”? Por que azul é azul e não vermelho, aliás, da onde saiu isso? Azul? Como é que eu estou pensando nisso?
É... Talvez eu tenha sido uma garota estranha. Talvez eu tenha guardado as minhas perguntas para mim mesma porque não me sentia a vontade para expô-las ou talvez eu as guardasse porque assim eram melhores respondidas.
É interessante pensar nisso e em como eu lidaria com os meus filhos. Acho interessante pensar em como responder as coisas estando ou não no momento de respondê-las mesmo que, quando aquele momento chegar, não usemos nada do que anteriormente pensamos. Acho um bom exercício...
Como explicar de onde vem os bebês e da onde ele, seu filho, saiu? Inventar histórias como cegonhas é o mais adequado? Dizer que papai colocou sementinha na barriga da mamãe e ela foi crescendo igual uma melancia e depois saiu? E por onde a sementinha entrou? E por onde a melancia saiu?
Eu não perguntei, nem meus pais explicaram. Um dia eu entendi e é isso. Mas com quase todo mundo não é assim, né?
Sexualidade é algo complicado, mas que é fundamental trabalhar na criança. Não expor a verdade “nua e crua”, mas é importante. Mesmo quando ele tiver vinte anos não vai enxergar as coisas da mesma forma que você.
Talvez ele pergunte a você como é que os deuses existem e como você sabe disso. Talvez ele comente que o coleguinha disse que só existe um deus e que ele castiga quem faz o contrário. E o que vamos fazer?
Sai no quintal da minha casa para ver a noite e a lua. Em determinado momento a voz da minha vizinha falando e falando e impossível de não ouvir. Ela falava sobre Moisés para as crianças. Que ele ficou lá no deserto não sei quantos dias para pegar os mandamentos e nesse período o povo não queria mais saber do deus de Moisés e havia arranjado outro deus e que ele era assim e assado e que o deus de Moisés castigou aquelas pessoas por cultuarem outro deus e por aí a coisa foi indo... Deu vontade de meter na história, principalmente o fato de ficar sempre gritando tudo que quer inclusive a uma da manhã, mas eu não fiz.
Nossos filhos vão se deparar com este mundo. Talvez um dia descubram mais sobre cristianismo e quem sabe prefiram o monoteísmo, já pensaram nisso? Ou se tornem evangélicos... Como lidaríamos?
Acredito que muitos pagãos aqui foram cristãos um dia e decidiram optar pelo paganismo. Comigo foi assim.
Eu fui educada como católica e eu vi que tudo aquilo não batia com o que eu pensava e queria. Mas como seria o contrário?
É interessante pensar nas “perguntas básicas” que podem surgir ao longo do caminho e como lidaríamos com as coisas. Nos preparar para caso nossa educação pagã seja descartada, para caso sejamos surpreendidos com perguntas como o que é sexo, gay, entre tantas outras coisas pelas quais passamos um dia, mas como filhos.
4 comentários:
Menina, se tivéssemos nos conhecido na infância teríamos sido amigas. Amigas estranhas, pq o dom da telepatia com certeza seria um dos nosso canal de comunicação!!!Eu tb não perguntava tanto e aprendia, não sei como,mas aprendi por mim mesma.
Sexo. O tabu. Como nascemos...uma prima que já tinha duas pequenas me disse que, respondeu naturalmente, sem ser rasgadamente verdadeira,mas sem fantasia de cegonha. E levava tempo para haver a segunda e a terceira pergunta. As crianças perguntam, mas na verdade não estão tão interessadas em saber, é só mais uma pergunta. Os adultos é que põe uma conotação invisível de que tem algo a mais.Da mesma forma que um pagãozinho vai chegar em casa falando de um deus só. Um cristãoziho vai chegar em casa falando que existem vários. Vai da segurança do lar onde mora a criança pagã ou cristã(e outros)não deixar abalar o que se acredita. Depois...qdo tiver juízo é que talvez haja uma mudança.Mas,depois. Eu vejo assim.
Já eu levava tudo ao pé da letra...e perguntava demais ._.' ficava chocada com as coisas que as crianças da minha idade diziam "fulano comeu fulano"..."pé do ouvido"..."boca do estômago"...lembro de ter ficado revoltada quando perguntei pra minha mãe, depois de ouvir muitos "deus é pai", se existia uma deusa...e ela dizer que não ._.'
Acho errado contar mentiras para as crianças...=/ a história da cegonha...semente de melancia e o escambal. Mas também não acho necessário a criança saber o que é sexo antes da hora (principalmente pq ela realmente não está formada pra isso ainda). Acho que se eu tivesse filhos daria explicações científicas xD~~ seria uma mãe professora sei lá.
Mas não há como negar que vc era uma criança bem filósofa =)
Legal vc ainda lembrar das coisas que se perguntava...as vezes eu tinha duvidas que eram importantes pra mim...mas ninguém gostava de conversar =/ (assuntos como morte...outro mundo...sexo...astronomia...religião)
Sobre filhos escolhendo ser evangélicos...acho isso um pesadelo >_<"" definitivamente! Tão ruim quanto saber que seu filho está saindo com más companhias...ou usando drogas...=/
Já pensei nisso várias vezes...
Ola tudo bem?
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